quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Caminhada repudia construção de barragens no rio Gongogi

Pitú, curuca e acari... Não queremos barragem em Gongogi. Este foi um dos gritos entoado na manhã do dia 22 de novembro, nas ruas da cidade de Gongogi, região sul da Bahia, durante uma caminhada de alerta da população acerca dos impactos e riscos da concretização do projeto de construção de barragens no Rio Gongogi.


A caminhada contou com a forte presença de estudantes, professores, pescadores e representantes de organizações, entidades e movimentos sociais. Durante o percurso foi feita uma panfletagem e diálogo sobre os impactos causados por barragens. Muita gente ficou sensibilizada com a questão, sobretudo da forma como o assunto vem sendo tratado às escondidas entre representantes do poder público e empresas interessadas. Na noite do mesmo dia, a população foi convidada a participar da Sessão da Câmara, onde o tema continuou a ser abordado.


O rio Gongogi é o principal afluente que abastece e alimenta a população daquele município. Durante a caminhada, pescadores relatavam a riqueza de suas águas e o que elas representam. Diziam quando o rio corre seu volume natural, caudaloso, é possível encontrar uma grande diversidade de pescados, que garantem a sobrevivência de muita gente, porém todo o processo de degradação que o rio vem sofrendo, quando há baixas de vazão o peixe fica mais difícil. Relatam ainda que a construção da barragem será o fim da atividade de muita gente e que é ilusão a riqueza e o progresso que muitos acreditam. Os empregos só servem para quem vem de fora, por que ali não tem mão de obra qualificada. Refletiram também que uma obra grande ocasionará a chegada de muita gente de fora, com hábitos e costumes diferentes do modo de vida dos que já habitam na região. Que as drogas, prostituição e violência são inevitáveis.

A população já tem um exemplo claro das falsas propagandas elencadas pelas empresas barrageiras. Basta olhar para o vizinho rio de Contas e observar a Usina do Funil, obra construída pela CHESF - Companhia Hidroelétrica do São Francisco, que atualmente opera com um número mínimo de funcionários. E que os benefícios que gera não cobrem os prejuízos que algumas cidades tiveram principalmente através da comercialização dos pequenos produtores que durante muito tempo foram impedidos pelo lago formado.

Os projetos de construção de barragens na região Sul não fogem ao que acontece em outras regiões. São empresas a exemplo da ODEBRECHT, GLOBAL e RENOVA ENERGIA, que chegam especulando e comprando propriedades nas áreas de seu interesse com o discurso preservacionista, logo após revelam seus objetivos. Por outro lado, há uma total conivência do poder público, seja Municipal ou Estadual, que de maneira irresponsável e incompetente entregam os recursos naturais a empresas privadas.

A lógica que vem sendo incentivada pelo governo da Bahia é de colocar a região Sul na rota do crescimento através de investimentos em toda logística de transportes a exemplo do Porto Sul, Ferrovia Oeste Leste e do incentivo a construção das barragens na região.

Ao final da caminhada a coordenação do Fórum avaliou positivamente a iniciativa, pois a partir dali a população passou a perceber que um tema de grande interesse e que desafia a sobrevivência de muita gente não pode ser tratado em portas fechadas como estava sendo até agora.

A caminhada foi uma iniciativa do Fórum Ambiental Microrregional, que junta pessoas, entidades, organizações e movimentos sociais dos municípios de Gongogi, Ibirapitanga e Ubatã. Fazem parte do fórum o Centro de Estudos e Ação Social - CEAS, a CPT, STR de Ubatã, Associação Cultural e Beneficente Antonio Pereira Barbosa - ACAPEB, Movimento CETA, e o Fórum de Luta por Terra Trabalho e Cidadania da Região Cacaueira - FLTTC.

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